vão

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a mim
me basta um porto
inseguro
um ponto no escuro
um vão
em teus braços






Por Raul Motta em
:http://hapalavra.blogspot.com/



foto: Anne Arden McDonald                                 


"Carinhos"





foto: shlomo ben-yaacov












Nuca percorro trilhando sinuosos toques
Rosto desvendo beijando pálpebras
Pescoço cheiro até faltar espaço
E vou descendo

Os seios, deixo de lado, só esmago com meu peito
Braços vou arranhando e prendo pelo pulso estreito
Mordo cotovelos e sobras de pele e pelos
E vou virando

Nas costas espalmo minhas mãos em massa
E espremo meu corpo com força e pressão
Desgrudo e somente minha barba, roça...
E vou explorando

Passo pelas nádegas com um leve tapa e nada mais
Viro-a novamente, para beijar a barriga em variações
De toques, profundidades e fragmentos de cócegas
E vou me deliciando

Colo meus ouvidos no seu colo
Não ouço nada, mas carrego-a facilmente
E deslizo passando pelo sexo
E vou me entreter

Coxa que deixo roxa e não afrouxa
Pego, aperto, não tenho dó
Pois grandes volumes exigem força
E vou me dissolver

Pernas embaraçadas nas minhas
Quanto tempo passo só amaciando os pés
E numa sucessão de massagens irregulares
Termino o passeio e vou me refazer

Pergunte por que não a boca, os seios, o sexo e a cauda?
É porque estou longe das obviedades corporais
Prefiro ser água que tudo penetra e explora
Do que findar-me apenas nos prazeres carnais.

Por JB Alencastro em
: http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=32411
e-mail para contato:
[email protected]



Dois poemas a cerca do sexo

Do sexo

É o corpo, pelo dúbio complemento,
Um ímpar para par, por sobre a cama,
Entregue por inteiro. Sumarento
Licor inebriante se derrama

Aos lábios da secura do momento:
Do plúvio, uma bombástica auriflama,
Eflúvio pelo bélico sangrento,
Dilúvio para músculos em chama.

É o corpo pelo, pele e todo o resto,
A face do Divino meio freak,
Disfarce para o vinho que se traga.

O barco pelo mar ao manifesto
Do breve temporal, liquidifique,
É o corpo uma tragédia que naufraga.


A coisa da luz

A coisa que fazemos com a luz
Acesa, se apagarmos, recompensa:
Seria uma outra coisa, menos tensa;
Mais tesa, com certeza, porque induz

Ao livre na conduta sem tabus,
À franca joie de vivre da pertença,
À jóia que está dentro e se condensa
Ao curso de estocadas - e transluz.

A coisa gostosinha e delicada
Se torna pelo breu selvageria,
De bichos rabichados por seus amos.

A coisa é tão cretina e tresloucada,
Que os homens se desalmam pela cria,
E nós nos, animais, deliciamos.


Por: Henrique Pimenta

em: http://dobardo.blogspot.com/

foto de: Dalilah Woolf